La Vida de José Antonio
"José Antonio es un hombre sin suerte. Nació muy tarde y murrio muy temprano, y su vida se resumió, según él a un par de días o meses, que no supe distinguir, en él cual llegó, se enamoró y se disgustó tanto, que pronto partió para toda la vida. Pobre hombre, que he venido con el único propósito de enamorarse de ella, ella que de echo se torno en la flor de sus mañanas, el sol de sus ojos, las caricias de su piel, y todo lo demás, que nos hace amar, vivir y seguir caminando en busca de una vida llena de vida. Pero el que él no sabia es que en pronto iba a partir, para el mismo hogar donde había venido, y así morir, tal como había nacido."
José António chegou de malas feitas, pronto para ficar, com a ideia de aqui permanecer e criar raízes, num dia chuvoso, não tão chuvoso como outros tantos, mas mais que outros tantos, em suma, era um dia, quão normal quantos outros tantos que se folheiam por outras tantas histórias, e se vivem por todas estas vidas.
Chegou, já maior, maior e vacinado, como se diz, e pensou que visto ter perdido toda a sua infância e toda a sua juventude, e todas aquelas alegrias, tristezas, encantos e desencantos, que ao longo dos nos nossos primeiros, longos anos, de vida, vão moldando o nosso ser, e criando a nossa pessoa, dando lugar às memórias que criamos e guardamos, teria de aproveitar ao máximo, todo o tempo que tivesse aqui, não só da melhor forma possível, mas também por muitos e largos anos, tentando de algum modo recompensar, os insubstituíveis anos dessa tal criação. O que não lhe foi dito, ao chegar, é que a sua estadia ia ser curta, demasiado curta, para o pobre António, e que muito em breve, iria regressar a esse mesmo sítio de onde apareceu.
José António, chegou para viver, pensava ele, para viver uma vida intensa e cheia de aventura, e embora desconhecesse tudo, e tudo lhe parecesse novo, havia momentos, em que tudo lhe parecia demasiado familiar, como se já tivesse vivido esta nova vida. Não sabia explicar muito bem o que sentia, nem o que sabia, e muito menos encontrar uma explicação para essas familiaridades, mas estava ansioso por aprender, e principalmente por viver, e por isso não se preocupou muito com essas questões.
José António, na realidade, veio para se enamorar. Para se apaixonar, e para dar a sua vida por essa paixão, e assim, sem saber como, quando, nem porquê, apaixonou-se por ela. Por ela, aquela flor, que cheiramos ao acordar, aquele sol, que nos ilumina ao abrirmos as cortinas, aquele sorriso, que nos encanta e delícia ao pequeno-almoço, aquele olhar, que nos fascina e mostra a beleza deste novo dia, aquela voz, que nos capta a atenção e nos distrai ao longo do dia, aquele paladar, nos seus beijos que dão gosto ao nosso jantar, e aquele tacto, que ao fim de um longo dia, deslizando pelos nossos cabelos, atravessando o nosso rosto, e percorrendo todo o nosso corpo, nos vai retirando toda e qualquer preocupação, transportando a nossa mente para um outro mundo paralelo, onde só nós existimos.
E assim, José António, pobre homem, caiu nesta terra, sem perceber muito bem onde se metia, sem ter qualquer influência no desenrolar da sua, já ela, curta vida, e, sem se aperceber apaixonou-se. Apaixonou-se de tal modo, que tudo em seu redor, toda aquela vida que perdera, ao chegar aqui já maior e vacinado, e toda aquela vida que tinha por descobrir, mesmo à sua frente, perdeu todo e qualquer sentido.
José, José António, tentaram-lhe avisar, mas enamorado como estava, perdido por entre este novo mundo, estranho e por vezes familiar, demasiado familiar, pensava por vezes, estava apaixonado, e tudo isso, todas essas estranhezas e familiaridades, dissolviam-se, prontamente, nessa poção de amor, na qual parecia estar embebedado.
Chegou e apaixonou-se, como todos sabemos, mas com o tempo, tempo esse que para ele pareciam ser dias, noites, tardes e manhãs, e que na realidade poderiam não passar de minutos ou segundos, cedo se apercebeu que esse amor, essa paixão, pela qual se atraíra, sem saber como nem porquê, se lhe escapava, e como que lhe desaparecia do coração e da alma, dando lugar a um novo sentimento. O que outrora fora uma flor bela e cheirosa, transformara-se agora numa flor murcha e mal cheirosa, o sol, perdera o seu brilho, tornando-se num sol negro e tenebroso, o sorriso, num sorriso maléfico que lhe petrificava a alma, o olhar, num olhar triste e sombrio que lhe mostravam as trevas, o paladar, num paladar amargo sensabor, e o tacto, num tacto áspero e duro, que lhe magoavam o corpo ao deslizar sobre ele, criando imagens negras na sua mente, tão negras que lhe assustavam e atormentavam.
José António entrou neste mundo, já tarde e saltando todos aqueles momentos que guardamos numa caixa, para mais tarde recordarmos, apaixonou-se por uma beleza tão rara quanto as mais belas praias, ao largo das mais límpidas e cristalinas águas do mar, por debaixo das mais magníficas e imponentes árvores, prontamente começou a sentir algo diferente, como que tivesse caído no meio de uma guerra cruel e impiedosa, onde crianças, mulheres e idosos, são levados para o campo de batalha, para serem prontamente abatidos. Era algo que não conseguia descrever, um misto de sentimentos e emoções, que desconhecera até agora, e que nesta sua breve passagem pelo mundo, contradiziam tudo aquilo que há momentos sentia, e assim, sem se aperceber, José, começava a fazer as malas, essas mesmas que trouxera para ficar, agora vazias de conteúdo, e preparava-se para partir, para partir de regresso a donde viera, e assim tal como aparecera, desaparecer, e voltar ao nada de onde veio.
José António, nunca lhe fora dito, nem mesmo na hora da sua partida, tinha um propósito nobre, considerou o seu criador, mas também cruel, pensou em seguida, mas igualmente inevitável, e assim, José António, pobre rapaz sem infância, juventude ou adolescência, com uma vida curta e apressada, que para ele lhe pareceram meses e anos, veio para se apaixonar, e para levar consigo toda a destruição dessa mesma paixão, e assim, pobre coitado, que ainda há momentos viajava por entre os mais magníficos sonhos, atravessava agora os mais horríveis pesadelos. Partia, por fim, para nunca mais voltar, deixando de algum modo o seu criador mais aliviado, embora entristecido pela pobre vida de José António.
José António, que ainda agora acordara, voltava agora a dormir, mas ainda conseguiu dizer, antes de para sempre adormecer: "Amo-te...!"
José António chegou de malas feitas, pronto para ficar, com a ideia de aqui permanecer e criar raízes, num dia chuvoso, não tão chuvoso como outros tantos, mas mais que outros tantos, em suma, era um dia, quão normal quantos outros tantos que se folheiam por outras tantas histórias, e se vivem por todas estas vidas.
Chegou, já maior, maior e vacinado, como se diz, e pensou que visto ter perdido toda a sua infância e toda a sua juventude, e todas aquelas alegrias, tristezas, encantos e desencantos, que ao longo dos nos nossos primeiros, longos anos, de vida, vão moldando o nosso ser, e criando a nossa pessoa, dando lugar às memórias que criamos e guardamos, teria de aproveitar ao máximo, todo o tempo que tivesse aqui, não só da melhor forma possível, mas também por muitos e largos anos, tentando de algum modo recompensar, os insubstituíveis anos dessa tal criação. O que não lhe foi dito, ao chegar, é que a sua estadia ia ser curta, demasiado curta, para o pobre António, e que muito em breve, iria regressar a esse mesmo sítio de onde apareceu.
José António, chegou para viver, pensava ele, para viver uma vida intensa e cheia de aventura, e embora desconhecesse tudo, e tudo lhe parecesse novo, havia momentos, em que tudo lhe parecia demasiado familiar, como se já tivesse vivido esta nova vida. Não sabia explicar muito bem o que sentia, nem o que sabia, e muito menos encontrar uma explicação para essas familiaridades, mas estava ansioso por aprender, e principalmente por viver, e por isso não se preocupou muito com essas questões.
José António, na realidade, veio para se enamorar. Para se apaixonar, e para dar a sua vida por essa paixão, e assim, sem saber como, quando, nem porquê, apaixonou-se por ela. Por ela, aquela flor, que cheiramos ao acordar, aquele sol, que nos ilumina ao abrirmos as cortinas, aquele sorriso, que nos encanta e delícia ao pequeno-almoço, aquele olhar, que nos fascina e mostra a beleza deste novo dia, aquela voz, que nos capta a atenção e nos distrai ao longo do dia, aquele paladar, nos seus beijos que dão gosto ao nosso jantar, e aquele tacto, que ao fim de um longo dia, deslizando pelos nossos cabelos, atravessando o nosso rosto, e percorrendo todo o nosso corpo, nos vai retirando toda e qualquer preocupação, transportando a nossa mente para um outro mundo paralelo, onde só nós existimos.
E assim, José António, pobre homem, caiu nesta terra, sem perceber muito bem onde se metia, sem ter qualquer influência no desenrolar da sua, já ela, curta vida, e, sem se aperceber apaixonou-se. Apaixonou-se de tal modo, que tudo em seu redor, toda aquela vida que perdera, ao chegar aqui já maior e vacinado, e toda aquela vida que tinha por descobrir, mesmo à sua frente, perdeu todo e qualquer sentido.
José, José António, tentaram-lhe avisar, mas enamorado como estava, perdido por entre este novo mundo, estranho e por vezes familiar, demasiado familiar, pensava por vezes, estava apaixonado, e tudo isso, todas essas estranhezas e familiaridades, dissolviam-se, prontamente, nessa poção de amor, na qual parecia estar embebedado.
Chegou e apaixonou-se, como todos sabemos, mas com o tempo, tempo esse que para ele pareciam ser dias, noites, tardes e manhãs, e que na realidade poderiam não passar de minutos ou segundos, cedo se apercebeu que esse amor, essa paixão, pela qual se atraíra, sem saber como nem porquê, se lhe escapava, e como que lhe desaparecia do coração e da alma, dando lugar a um novo sentimento. O que outrora fora uma flor bela e cheirosa, transformara-se agora numa flor murcha e mal cheirosa, o sol, perdera o seu brilho, tornando-se num sol negro e tenebroso, o sorriso, num sorriso maléfico que lhe petrificava a alma, o olhar, num olhar triste e sombrio que lhe mostravam as trevas, o paladar, num paladar amargo sensabor, e o tacto, num tacto áspero e duro, que lhe magoavam o corpo ao deslizar sobre ele, criando imagens negras na sua mente, tão negras que lhe assustavam e atormentavam.
José António entrou neste mundo, já tarde e saltando todos aqueles momentos que guardamos numa caixa, para mais tarde recordarmos, apaixonou-se por uma beleza tão rara quanto as mais belas praias, ao largo das mais límpidas e cristalinas águas do mar, por debaixo das mais magníficas e imponentes árvores, prontamente começou a sentir algo diferente, como que tivesse caído no meio de uma guerra cruel e impiedosa, onde crianças, mulheres e idosos, são levados para o campo de batalha, para serem prontamente abatidos. Era algo que não conseguia descrever, um misto de sentimentos e emoções, que desconhecera até agora, e que nesta sua breve passagem pelo mundo, contradiziam tudo aquilo que há momentos sentia, e assim, sem se aperceber, José, começava a fazer as malas, essas mesmas que trouxera para ficar, agora vazias de conteúdo, e preparava-se para partir, para partir de regresso a donde viera, e assim tal como aparecera, desaparecer, e voltar ao nada de onde veio.
José António, nunca lhe fora dito, nem mesmo na hora da sua partida, tinha um propósito nobre, considerou o seu criador, mas também cruel, pensou em seguida, mas igualmente inevitável, e assim, José António, pobre rapaz sem infância, juventude ou adolescência, com uma vida curta e apressada, que para ele lhe pareceram meses e anos, veio para se apaixonar, e para levar consigo toda a destruição dessa mesma paixão, e assim, pobre coitado, que ainda há momentos viajava por entre os mais magníficos sonhos, atravessava agora os mais horríveis pesadelos. Partia, por fim, para nunca mais voltar, deixando de algum modo o seu criador mais aliviado, embora entristecido pela pobre vida de José António.
José António, que ainda agora acordara, voltava agora a dormir, mas ainda conseguiu dizer, antes de para sempre adormecer: "Amo-te...!"
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