Eterna Felicidade
A felicidade não é algo que se procure, desesperadamente ou não, e se encontre, por ai...
Sigo, percorrendo estes degraus, escadas acima e escadas abaixo. Perco conta das vezes, que vagueando por estas ruas e ruelas, sem seguir um determinado caminho ou percurso, e muito menos um rumo, dou por mim a atravessar-te, mais uma vez, tentando de algum modo apanhar esse sentimento que dá nome a este pátio e a esta travessa, estranhamente perdidas no tempo, escondida por entre o centro desta cidade.
Suponho, que, sem me aperceber, a procure, dia após dia, tentando aumentar as probabilidades de a encontrar aqui, de a apanhar aqui, ou mesmo que de passagem por aqui esteja, atravessando-a vezes sem conta... Mas, como dizem os locais, que por aqui permaneceram, alheios não só ao desenvolvimento frenético em seu redor, mas também, ao estado decadente em que cai a sua própria travessa e pátio, que ela, está sempre aqui presente e que não depende de quantas vezes a atravessamos, mas sim do sentimento com que a atravessamos.
Por vezes, estamos realmente distraídos, e só a atravessamos para cortar caminho, e fugir ao caos que borbulha dia após dia, umas ruas mais abaixo, no centro histórico da cidade, noutras estamos ocupados com pensamentos e rotinas, próprios do dia-a-dia, e apressados, nem damos por ela, que olhando e sorrindo para nós, tentando de algum modo chamar-nos à atenção, tenta partilhar connosco parte do seu interminável sentimento.
Sento-me, agora, nestes mesmos degraus, e percorro cada parede do seu pátio, cada pormenor das suas velhas casas, e das outras mais abaixo, já em ruínas, onde cada pedra parece transmitir um sem número de histórias, de outros tempos, tempos áureos, onde a vida ainda se fazia sentir, atravessando esta travessa, escura e estreita, passando por este pequeno pátio, e subindo pelas escadas até ao pátio superior.
Observo os gatos, que percorrem os telhados, diante de mim, também eles alheios à decadência em que deixámos este magnífico lugar, e ainda uma ou outra pessoa, que volta e meia, aproveita este pequeno corta-mato para fugir ao tal aglomerado humano, e por vezes descontrolado, do centro da cidade.
Agora, a passo lento, e com o apoio de uma velha bengala de madeira, uma senhora bela e encantadora, com um vestido típico chinês, aparece por entre a escuridão da travessa, e aproxima-se sorridentemente, parecendo transpor uma alegria tremenda a cada passo que dá, com alguma dificuldade, com a ajuda da sua bengala.
Preparo-me para me levantar, para a deixar passar, mas faz sinal para esperar, e ao chegar-se junto dos primeiros degraus, diz-me: "Deixa-te estar jovem. Ainda tenho que recuperar o fôlego, e ganhar alguma coragem, antes de começar a subir estes degraus. Senta-te, senta-te."
E assim volto a sentar-me, e continuo percorrendo, nos meus pensamentos, esse pátio, rejuvenescido, cativador, e cheio de vida, de outros tempos.
"Isto nem sempre foi assim, sabe? Há muitos, muitos anos, quando eu ainda era jovem, talvez ainda mais jovem que você, este pátio tinha muita vida. Crianças sorriam e brincavam, pulavam e cantavam... Era realmente belo, e agora, para mim, continua com o mesmo encanto"
"Sim, suponho que sim. Curioso, estava agora mesmo a imaginar como seria isto noutros tempos, com mais..."
"Ai, você é jovem, não precisa pensar nesses tempos. É verdade, que era muito belo e encantador, e as casas... As casas estavam mais vistosas também... Mas tudo segue, e a vida continua. Sabe, pode ser que um dia, também se lembrem de renovar e restaurar isto, mas sinceramente, espero não estar aqui quando esse dia chegar, e encherem este pátio, esta travessa, estas casas, e estes degraus, do mesmo que se vê ali ao lado."
"É verdade, esperemos que não chegue assim a esse ponto, também..."
"... Gosto muito disto assim. Ao menos, permanece genuíno, ao contrário do resto da cidade que se vai desenvolvendo muito aleatoriamente. Mas olhe, você é que é jovem, você é que poderá ficar para ver a que ponto chegarão as coisas..."
Levanta-se, com a ajuda da sua bengala, e prepara-se para retomar o seu caminho, começando a subir as escadas. Levanto-me também, e deixando a passar, observo a dificuldade, com que sobe os degraus, mas que ao mesmo tempo, parece fazer com muita tranquilidade e alegria.
"Adeus minha senhora, e tentarei que não estraguem tudo..."
Não responde, mas ao chegar ao cimo da pequena escadaria, sem olhar para trás, diz: "Sabe, tenho-o visto por aqui passar. E hoje pareceu-me estar no ponto certo... Acho que já está pronto, para seguir."
Não tive tempo de responder, porque seguiu, e quando tentei subir apressadamente as escadas, já não fui a tempo de a ver. Não sei por onde terá seguido, nem como se terá apressado tanto, mas não a consegui encontrar mais.
A felicidade é isso. Um beijo, um abraço, um sorriso, uma lágrima, um cumprimento e um adeus. Uma pequena conversa ou um pequeno diálogo, uma bela imagem, uma bela música, um belo prato, ou uma bela carícia. São pequenos momentos de felicidade, que vamos acumulando e guardando ao longo de uma vida. A felicidade não se compra, e muito menos se vende, não se troca, nem se ganha. A felicidade está em amar, e não em ser amado.
A felicidade, a Eterna Felicidade, está dentro de cada um de nós, dentro de tudo aquilo que fazemos e damos, dentro de tudo aquilo que sentimos e dizemos, dentro dos nossos olhos, da nossa mente, do nosso coração, dentro de todos nós. Por vezes, não a vemos ou sentimos, mas ela está, sempre presente, por mais ou menos obscura que se faça sentir, ela está e estará dentro de cada um de nós, sempre ao nosso alcance, e muitas vezes mais próxima do que possa parecer.
Sigo, percorrendo estes degraus, escadas acima e escadas abaixo. Perco conta das vezes, que vagueando por estas ruas e ruelas, sem seguir um determinado caminho ou percurso, e muito menos um rumo, dou por mim a atravessar-te, mais uma vez, tentando de algum modo apanhar esse sentimento que dá nome a este pátio e a esta travessa, estranhamente perdidas no tempo, escondida por entre o centro desta cidade.
Suponho, que, sem me aperceber, a procure, dia após dia, tentando aumentar as probabilidades de a encontrar aqui, de a apanhar aqui, ou mesmo que de passagem por aqui esteja, atravessando-a vezes sem conta... Mas, como dizem os locais, que por aqui permaneceram, alheios não só ao desenvolvimento frenético em seu redor, mas também, ao estado decadente em que cai a sua própria travessa e pátio, que ela, está sempre aqui presente e que não depende de quantas vezes a atravessamos, mas sim do sentimento com que a atravessamos.
Por vezes, estamos realmente distraídos, e só a atravessamos para cortar caminho, e fugir ao caos que borbulha dia após dia, umas ruas mais abaixo, no centro histórico da cidade, noutras estamos ocupados com pensamentos e rotinas, próprios do dia-a-dia, e apressados, nem damos por ela, que olhando e sorrindo para nós, tentando de algum modo chamar-nos à atenção, tenta partilhar connosco parte do seu interminável sentimento.
Sento-me, agora, nestes mesmos degraus, e percorro cada parede do seu pátio, cada pormenor das suas velhas casas, e das outras mais abaixo, já em ruínas, onde cada pedra parece transmitir um sem número de histórias, de outros tempos, tempos áureos, onde a vida ainda se fazia sentir, atravessando esta travessa, escura e estreita, passando por este pequeno pátio, e subindo pelas escadas até ao pátio superior.
Observo os gatos, que percorrem os telhados, diante de mim, também eles alheios à decadência em que deixámos este magnífico lugar, e ainda uma ou outra pessoa, que volta e meia, aproveita este pequeno corta-mato para fugir ao tal aglomerado humano, e por vezes descontrolado, do centro da cidade.
Agora, a passo lento, e com o apoio de uma velha bengala de madeira, uma senhora bela e encantadora, com um vestido típico chinês, aparece por entre a escuridão da travessa, e aproxima-se sorridentemente, parecendo transpor uma alegria tremenda a cada passo que dá, com alguma dificuldade, com a ajuda da sua bengala.
Preparo-me para me levantar, para a deixar passar, mas faz sinal para esperar, e ao chegar-se junto dos primeiros degraus, diz-me: "Deixa-te estar jovem. Ainda tenho que recuperar o fôlego, e ganhar alguma coragem, antes de começar a subir estes degraus. Senta-te, senta-te."
E assim volto a sentar-me, e continuo percorrendo, nos meus pensamentos, esse pátio, rejuvenescido, cativador, e cheio de vida, de outros tempos.
"Isto nem sempre foi assim, sabe? Há muitos, muitos anos, quando eu ainda era jovem, talvez ainda mais jovem que você, este pátio tinha muita vida. Crianças sorriam e brincavam, pulavam e cantavam... Era realmente belo, e agora, para mim, continua com o mesmo encanto"
"Sim, suponho que sim. Curioso, estava agora mesmo a imaginar como seria isto noutros tempos, com mais..."
"Ai, você é jovem, não precisa pensar nesses tempos. É verdade, que era muito belo e encantador, e as casas... As casas estavam mais vistosas também... Mas tudo segue, e a vida continua. Sabe, pode ser que um dia, também se lembrem de renovar e restaurar isto, mas sinceramente, espero não estar aqui quando esse dia chegar, e encherem este pátio, esta travessa, estas casas, e estes degraus, do mesmo que se vê ali ao lado."
"É verdade, esperemos que não chegue assim a esse ponto, também..."
"... Gosto muito disto assim. Ao menos, permanece genuíno, ao contrário do resto da cidade que se vai desenvolvendo muito aleatoriamente. Mas olhe, você é que é jovem, você é que poderá ficar para ver a que ponto chegarão as coisas..."
Levanta-se, com a ajuda da sua bengala, e prepara-se para retomar o seu caminho, começando a subir as escadas. Levanto-me também, e deixando a passar, observo a dificuldade, com que sobe os degraus, mas que ao mesmo tempo, parece fazer com muita tranquilidade e alegria.
"Adeus minha senhora, e tentarei que não estraguem tudo..."
Não responde, mas ao chegar ao cimo da pequena escadaria, sem olhar para trás, diz: "Sabe, tenho-o visto por aqui passar. E hoje pareceu-me estar no ponto certo... Acho que já está pronto, para seguir."
Não tive tempo de responder, porque seguiu, e quando tentei subir apressadamente as escadas, já não fui a tempo de a ver. Não sei por onde terá seguido, nem como se terá apressado tanto, mas não a consegui encontrar mais.
A felicidade é isso. Um beijo, um abraço, um sorriso, uma lágrima, um cumprimento e um adeus. Uma pequena conversa ou um pequeno diálogo, uma bela imagem, uma bela música, um belo prato, ou uma bela carícia. São pequenos momentos de felicidade, que vamos acumulando e guardando ao longo de uma vida. A felicidade não se compra, e muito menos se vende, não se troca, nem se ganha. A felicidade está em amar, e não em ser amado.
A felicidade, a Eterna Felicidade, está dentro de cada um de nós, dentro de tudo aquilo que fazemos e damos, dentro de tudo aquilo que sentimos e dizemos, dentro dos nossos olhos, da nossa mente, do nosso coração, dentro de todos nós. Por vezes, não a vemos ou sentimos, mas ela está, sempre presente, por mais ou menos obscura que se faça sentir, ela está e estará dentro de cada um de nós, sempre ao nosso alcance, e muitas vezes mais próxima do que possa parecer.
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