Reason[ing]

De que se trata isto ou aquilo, que por aqui escrevo, pergunta-me você, caro leitor, enquanto eu, dou por mim a escrever algo que, infelizmente, você, caro leitor, depois tenta imaginar, e acreditar ser algo sobre mim?

Como poderá, você, caro leitor, pensar que percebeu ou tentar sequer pensar que percebeu algo, e consequentemente, procurar uma razão para aquilo que aqui lê, quando toda a inspiração, que por aqui atravessou, e que aqui ficou transformada, foi também ela própria, editada, tratada e modificada, por palavras, por vezes mais ou menos vastas, do que aquelas que você esperava alcançar ou encontrar, nisto que você agora lê?

Será que deu pelos ajustes, e desajustes, que ao longo do seu tempo de vida, este e aquele texto foi sofrendo ou não sofrendo, aquando de cada revisão, nele imposta, e ao qual eu fui acrescentando, alterando e removendo palavras e sentidos, mais ou menos bruscos, podendo mesmo ter-lhe alterado significativamente o seu sentido?

Não será praticamente tudo o que você, caro leitor, aqui lê, neste desorganizado e indiferenciado, espaço virtual, amontoado de páginas e textos, postados sem qualquer tratamento ou sentimento, tratar-se apenas de algo que me meti a escrever, pura e simplesmente, por que me apetecia escrever?

Então, como ousará você, caro leitor, atravessar mais uma vez, uma das minhas colheitas, à procura de algo que eu tendo e teimo a não plantar, e, mesmo assim, ainda me perguntar ou tentar justificar aquilo que eu escrevo, à procura de uma razão ou sentido?

Que sentido, terão estes e aqueles pequenos excertos, de uma mente, um pouco menos lúcida, quando, sem razão aparente, e sem qualquer pré-aviso, começam a dar origem a “certos e determinados” sentidos, que senão o próprio sentido de criar escrita? Porque razão tenderá, este e aquele pequeno excerto de uma mente menos lúcida dar origem a questões, acerca do seu porquê, da sua causa – efeito, e da sua razão?

Não será isso apenas uma interpretação, que a sua mente, caro leitor, através de sentidos e conjugações por si, e por si só feitas, dado origem a uma nova história, dentro desses próprios excertos? Não será essa interpretação, uma vertente, de uma mente ainda menos lúcida, do que aquela que aqui encontra, à procura de uma razão não só, para tudo aquilo que lhe é dado a partilhar, como também, para tudo aquilo que essa mente menos lúcida começa a criar através de um conjunto de palavras mal interpretadas?

Será que a razão estará sempre presente em tudo aquilo que tentamos criar transmitir, ou partilhar? Será a razão, um dado adquirido e obrigatório, para tudo o que se vê, ou tudo o que se cria? Não será a falta de uma razão, também ela própria uma razão, para aquilo que tento transmitir e escrever?

E a razão… Consequentemente temos a Razão Humana. Sim porque o Ser Humano, como
nos tratamos, tem sempre uma razão, para justificar todo e qualquer acto, ou pelo menos assim somos intimidados a pensar e a ser… Mas isso, você, caro leitor, já não tem que interpretar aqui, neste espaço…

Comentários

Anónimo disse…
A existência de uma razão para tudo o que fazemos só tem relevância na medida em que nos ajuda a compreender coisas tão básicas e complexas como quem somos, o que queremos, o que não queremos. De resto, pouco importa a razão. E convém nunca esquecer uma razão altamente válida e por vezes não invocada, por timidez, vergonha, ou qualquer outra coisa: "É assim / Sou assim / Fiz assim porque me apetece / apeteceu." Porque sim.

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