«Com a viagem a prosseguir, o passageiro, já sentado calmamente, no seu devido lugar, mede, descontraidamente, mas no entanto fixamente, as medidas, a alguém, que, aparenta ser ainda jovem, não mais de 27 anos, e com um olhar bem vivo, e bem claro, que parece transparecer alegria e vida. Ela, distraída, vaguei pelos seus pensamentos, pensa o passageiro, mas de facto não poderá dizer com tanta certeza, pois a única coisa que nota, é que ela e o seu olhar, parecem viajar para o além, para o infinito, enquanto os seus ouvidos, pequenos, redondos, e bem formados, ouvem, ou pelo menos, fingem ouvir, algo que toca, no instrumento, que ela traz consigo. Enquanto isso o passageiro, continua, à sua maneira, a prosseguir as medidas da sua vizinha de bordo, que cada vez mais lhe parece, tão ou mais bela e atraente do que o seu olhar e a sua leveza aparentavam transparecer.
Ela, a passageira, não consegue acreditar, onde foi o lugar dela calhar. Tinha visto o mesmo passageiro, que agora se sentava, quase, de frente para ela, ainda dentro do terminal, e tinha, ela também, lhe tirado as medidas, enquanto ele aparentava, enquanto tomava o pequeno-almoço, apreciar a vista matinal, da janela, do café, do terminal. O olhar dele parecera, meio apreciador da paisagem, e ao mesmo tempo, meio desaparecido por entre a paisagem, pelo facto de estar a partir, reparara bem nisso, mas, também ela, não chegara a uma conclusão, que lhe permitisse saber do que seria.Entretanto entrara e sentara-se no transporte, também ela, no seu devido lugar, e vira reparar que o passageiro se sentara bem perto dela. Pensou, vagamente, em ir-se aventurar em busca de uma conversa, ou de uma companhia para a viagem, mas como ele parecia ainda estar ocupado com sua bagagem, e como a viagem ainda era longa, decidira ouvir alguma coisa, e arejar a sua mente, para depois, talvez depois, passar à frente.»
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