Era uma vez um rapaz que queria ser alguém, e mais ainda, queria ser um rapaz amado pelo mundo em que vivia. Mas esse rapaz tinha um problema, e ele não era igual aos outros rapazes da sua idade. Embora os rapazes da idade dele não reparavam nessa diferença, essa ,diferença, já lhe tinha sido imposta pela sociedade, ainda antes de ele próprio saber que ia aparecer. Para os rapazes da idade dele, ele era o máximo, e todos adoravam brincar com ele, falar com ele, estudar com ele, aprender com ele, e tudo mais...
Há medida que o rapaz foi crescendo, começou a aperceber-se da realidade que vivia à sua volta. As pessoas mais velhas olhavam-no de lado, os amigos que com ele tinham estado e vivido já se começavam a distanciar, e a tentar evitá-lo ao máximo. Pobre rapaz, continuava sem perceber o porquê de tal situação, e sem saber porque é que o mundo assim o tratava.
Cresceu, Aprendeu, e Viveu sempre distante de todos os outros, e longe dos que amava. Agora com ele só estavam rapazes como ele antes era. Estava já no Outono da vida, e continuava a tentar perceber, porque é que a Vida lhe tinha tratado assim e lhe tinha posto de lado, e afastado de todos aqueles quanto gostava.
Descobriu, porém, na véspera da sua morte, que o destino não lhe tinha sido traçado no início da sua Vida, mas sim há séculos atrás, e que como ele, estavam milhares e milhares de pessoas na mesma situação.
O seu nome era Discriminação...
Lisboa, 4 de Abril de 2004
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