Guardião do Túria
Era grande, soberbo, forte e robusto. Nu, incapaz de sentir frio ou calor, tinha um ar branco, meio transparente, e já um bocado gasto, e acinzentado, pelos longos dias que ali passará, indiferente ao sol e à chuva, à noite e ao dia. Encontrava-se ali sentado, sempre na mesma posição, de pés no chão, com as mãos agarradas às pernas, exercendo uma pressão tal, que lhe fazia encolher, e entortar, as costas. Observava atentamente o ritmo de vida que se desenrolava em seu redor, dia após dia. Estava assente numa pequena plataforma, erguida uns dez metros acima do topo das escadas do museu, e, desse ponto, tinha uma vista privilegiada para este canto da cidade. Estava virado para noroeste, e daí, não só controlava o tráfico que se estendia em seu redor, pelas novas avenidas, como também, podia observar e apreciar os longos, e intermináveis, jardins do Túria, o jardim botânico, e melhor ainda, um belo, único, e sempre singular, pôr-do-sol. Dia após dia, sentado e quieto, com um ar solitário,...